top of page

PROCURE POR TAGS: 

POSTS RECENTES: 

SIGA

  • LinkedIn - Grey Circle
  • Facebook - Grey Circle

O que devo responder a meu filho?

  • Carolina A. Barbosa
  • 11 de out. de 2016
  • 4 min de leitura

Quem convive com crianças sabe que elas estão sempre atentas às situações cotidianas. São curiosas e comumente querem saber sobre diversos temas, normalmente buscam respostas dos pais, avós, professores ou de quem mais elas confiam.


Antes de responder a tais interrogações, os adultos devem estar atentos à idade da criança. Crianças bem pequenas costumam necessitar de respostas superficiais, pois seu pensamento ainda é concreto e não alcança grandes níveis de abstração.


As perguntas ganham complexidade por volta dos 3/4 anos, quando se tornam interessadas pela origem da vida, inaugurada pela pergunta “De onde vêm os bebês?”. Elas buscam entender melhor quem elas são e quem são os outros, dentro de seu universo social. Aos 5/6 anos chega a fase dos grandes porquês, quando as dúvidas podem ser complexas até mesmo para os adultos.


É importante que o adulto, diante das perguntas, mostre-se interessado nas questões que elas formulam, devem respeitar a curiosidade por mais que a resposta pareça óbvia ou que o tema seja espinhoso. Estes devem responder as questões de acordo com a maturidade e curiosidade da criança, ou seja, com sua capacidade de entender e se satisfazer com a resposta.


É comum surgirem temas delicados que geram muitas dúvidas nos adultos sobre quais informações o pequeno deve ter. Mas, antes de tudo, o adulto deve entender o que de fato a criança quer saber. Isso é geralmente simples de descobrir, basta questionar de volta: “onde você ouviu falar sobre isso?” ou “não entendi o que você quer saber, pode me explicar melhor?”. Além de dar mais tempo para o adulto pensar, essas perguntas o orientam a formular a melhor resposta. Entendido o contexto que propiciou tal questionamento na criança, ela deixará claro o que exatamente está querendo saber.


Os adultos não são obrigados a estarem sempre preparados para responderem as questões mais complicadas. No caso de o adulto sentir-se desconfortável com a pergunta ou de não saber o que responder imediatamente, o melhor a fazer é dizer que vai pensar na questão e responder mais tarde, explicando que aquela não é uma boa hora. O importante é realmente ir à busca da solução e respondê-la posteriormente, mesmo que o filho não repita a pergunta. Vocês fizeram um combinado e ele precisa ser cumprido.


É comum surgirem questionamentos delicados em relação a sexo e a morte. Quanto à morte, é comum que as crianças toquem no assunto ao se depararem com o falecimento de um parente, parente de coleguinhas ou bicho de estimação. Então a primeira parte da explicação pode incluir um esclarecimento sobre o ciclo da vida: plantas, animais e pessoas nascem, crescem e morrem, porque um dia o corpo para de funcionar. Muitas crianças têm essa curiosidade porque se sentem inseguras, com medo de que os demais a sua volta morram cedo e ela fique só. Por isso é importante assegurar que ela estará sempre protegida e cuidada por algum adulto querido.


E se a dúvida for sobre sexo, esse pode ser traduzido simplesmente como o ato de namorar, deixando claro que é algo que acontece entre adultos. Ou se for a respeito de onde vêm os bebês, a resposta também deve ser simples, de acordo com o nível de curiosidade e a maturidade da criança. A explicação pode ser direta, como “o bebê vem de dentro da barriga da mãe dele”, ou mais elaborada, do tipo “o papai e a mamãe se amam e querem ficar junto. Quando eles ficam juntos, eles namoram”.


Outro tema que exige cuidado é em relação à separação dos pais. É comum haver dúvidas, tais como se o pai ou a mãe vão continuar a serem pais dela, se eles ainda terão contato e se continuarão sendo amadas. A recomendação é evitar dizer que o amor acabou, porque a criança pode imaginar que também não há mais amor de um de seus pais em relação a ela.


É importante ressaltar que a única mudança é que um dos dois vai morar em outro lugar e que a criança passará a ter duas casas, com a garantia de que sempre verá aquele que não estiver morando com ela. Neste sentido, para o bem dela, é preciso evitar a alienação parental, que é quando um dos pais impede o outro de ter contato com os filhos. Alienação parental é crime previsto na lei, número 12.318.


O ideal é que as visitas sejam regulares, previstas e rotineiras para garantir a estabilidade emocional da criança. E, de tempos em tempos, vale checar como ela está entendendo e sentindo a separação, fazendo perguntas indiretas sobre o tema.


Se a pergunta é no sentido de questionar uma ordem ou tiver um tom de desafio, a resposta deve ser clara e explicitar que nem sempre a gente faz o que quer. Essa explicação é mais adequada do que dizer ‘porque eu mandei’, o que indica à criança que aquela determinação é um desejo arbitrário do adulto, em vez de ensiná-la que há situações que devem ser enfrentadas por todos, mesmo que não sejam agradáveis.


ENTÃO...


Não há uma receita pronta para lidar com essas situações, pois cada resposta dependerá muito do contexto que originou a pergunta e da idade da criança. O importante é que os pais formulem as explicações de acordo com o entendimento e a maturidade da criança, usando para isso o conhecimento que têm e dentro daquilo que acreditam. Tirar a dúvida da criança, falando a verdade, é sempre o mais indicado. Uma resposta ‘porque sim’ não é o mais adequado, porque a criança continuará com a dúvida e passará a usar sua imaginação para criar respostas, podendo fazer inferências incorretas e afetando seu bem-estar emocional.

 

OBS: O objetivo deste espaço é proporcionar aos leitores reflexões sobre as questões que permeiam o mundo infantil. Não irei ditar regras ou caminhos a serem seguidos. Fugirei de verdades absolutas e fórmulas milagrosas, pois cada caso apresenta uma singularidade e não é possível generalizar.

Este espaço não substitui o acompanhamento psicológico. Durante a psicoterapia, o terapeuta conhece a especificidade do caso e realiza um acompanhamento personalizado para cada um.

Leitores de Belo Horizonte-MG interessados em acompanhamento psicológico, favor entrar em contato via mensagem.

Comentarios


2016 - ERA UMA VEZ -  PSICOLOGIA INFANTIL

  • b-facebook
  • LinkedIn - Black Circle
bottom of page