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Angústia da separação: o trauma na relação mãe e filho

  • Carolina A. Barbosa
  • 27 de out. de 2016
  • 4 min de leitura

Nos primeiros meses de vida, graças à atenção e aos cuidados maternos, o bebê imagina que ele e sua mãe constituem o mesmo ser. Porém, com o desenvolvimento do bebê, ele vai se dando conta da sua individualidade e percebe a separação entre o seu corpo e o de sua mãe. Aliás, mais que isso: descobre que a mãe nem sempre está presente para saciar suas necessidades e, por isso, acaba buscando em um objeto o apoio que precisa, especialmente na hora de dormir.


A ANGÚSTIA DA SEPARAÇÃO


Quando os bebês nascem eles precisam do outro para sobreviver e também para sentir-se integrados. O colo, tão julgado por alguns, é de extrema importância para o seu desenvolvimento. O ato de embalar possibilita a formação de um bebê seguro, pois o contato corporal do adulto delimita o contorno do corpo do recém-nascido, integrando-o. O bebê integrado é também um bebê mais seguro.


Por volta dos 4-6 meses de vida, o bebê já se percebe separado do corpo da mãe e volta seu interesse para o próprio corpo, descobrindo algumas de suas partes. Concomitantemente, conseguem perceber com mais clareza os afastamentos da mãe, tornando-se ansiosos quando elas saem de seu campo de visão. Embora a mãe também se sinta angustiada diante do choro do filho, ela tem de entender que este momento é necessário para o desenvolvimento dele e para o seu próprio bem-estar. Com o decorrer do tempo, a mãe não tem de estar disponível em tempo integral e os dois têm de saber lidar com isso. Obrigações profissionais e interesses próprios são exemplos de situações que ocasionam essa separação mãe e filho.


Apesar disso, nesses momentos, a mãe não deve ignorar o choro do filho, pois o choro pode ser indício de intenso sofrimento já que ele ainda pode não ter encontrado recursos para lidar com a separação. O afastamento da mãe deve se dar de forma gradativa, de acordo com a faixa etária do filho, caso contrário, ele pode se sentir desamparado. Esse sentimento de desamparo pode vir a produzir sintomas devido a sua dificuldade para lidar com a angústia, como, por exemplo, choros excessivos, medos, inseguranças, etc. Por volta dos 7-8 meses de vida esta angústia é vivida com mais intensidade, podendo, inclusive, acarretar mudanças no ritmo do sono.


É fundamental que o filho perceba que a mãe vai, mas volta. Isto desenvolve nele a certeza de que não será abandonado. Os pais têm de estar atentos aos comportamentos do bebê/criança, pois eles darão indícios do nível do seu sofrimento. Se o choro for intenso, ele está denunciando que não está conseguindo lidar com a situação. Atitudes como sair de casa escondido, sem se despedir, é um dos fatores que podem atrapalhar a evolução deste processo, pois abalam a confiança que o filho deposita nos pais. Portanto, devem avisá-lo quando precisarem sair, mas é importante apontar que mais tarde voltarão e que poderão curtir outros momentos juntos.


OS OBJETOS TRANSICIONAIS*


Uma possível saída que os bebês/crianças encontram para lidar com a angústia da separação é a eleição de objetos que darão a sensação de aconchego e segurança que necessitam. Pode ser uma chupeta, um brinquedo, uma parte do corpo, um som, um cheiro. Pode até ser que os pais não percebam qual é, ou foi, o objeto de transição do filho, uma vez que essa escolha pode ser muito subjetiva.


Estes objetos, além de diminuir a ansiedade do filho nos momentos de separação da mãe, delimitam uma fase importante no seu desenvolvimento psíquico. Através da interação com o meio e com o objeto transicional, o bebê/criança passa a desenvolver a criatividade, a imaginação, a cognição e a afetividade.


Sendo assim, os pais devem se conscientizar da importância desses objetos para o bebê/criança e não devem retirá-lo de forma agressiva por qualquer motivo que os incomoda. Não devem doar, jogar fora ou esconder o objeto sem o consentimento do filho. Se fizerem isso, ele entenderá como uma forma de agressão, podendo esse ato causar efeitos colaterais pelo fato dele ainda não possuir recursos que consigam aplacar essa experiência traumática.


Não há idade ideal para largar o objeto transicional, pois cada criança tem seu tempo, já que estamos tratando de questões emocionais e não do tempo cronológico. Em geral, este acaba sendo substituído por outros interesses e, dos 3 aos 5 anos de idade, a criança já tem condições de deixá-lo, uma vez que nesta idade ela já possui outros recursos para lidar com a situação. No entanto, é importante que os pais estejam atentos ao uso que cada filho faz do objeto, independente da idade. Se este prejudicar o convívio social da criança, é um indício que os pais devem procurar orientação psicológica.

 

OBS: O objetivo deste espaço é proporcionar aos leitores reflexões sobre as questões que permeiam o mundo infantil. Não irei ditar regras ou caminhos a serem seguidos. Fugirei de verdades absolutas e fórmulas milagrosas, pois cada caso apresenta uma singularidade e não é possível generalizar.

Este espaço não substitui o acompanhamento psicológico. Durante a psicoterapia, o terapeuta conhece a especificidade do caso e realiza um acompanhamento personalizado para cada um.

Leitores de Belo Horizonte-MG interessados em acompanhamento psicológico, favor entrar em contato via mensagem.

*Termo cunhado, em 1953, pelo pediatra e psicanalista Donald Winnicott.

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